Projeto microtodos
Projeto MicroTodos
  
 


 
 

O Projeto Microbiologia para Todos teve início a partir de uma análise crítica sobre o ensino da microbiologia no ciclo fundamental, médio e superior.

É sabido que, há muito tempo, a Microbiologia deixou de ser tema restrito às salas de aula do ensino superior ou a laboratórios de pesquisa para ser tema relacionado às questões básicas de cidadania, envolvendo o meio ambiente, o cotidiano, a higiene , a maternidade, a empregada, o faxineiro, o engenheiro, o político, etc. Os microrganismos são nossos hóspedes permanentes. Eles estabelecem associações com outros seres, com o solo, com a água e mesmo se associam entre si.

A maioria das pessoas tem a idéia errada de que todos os micróbios são prejudiciais ao ser humano e de que uma grande vitória da guerra travada entre o homem e as doenças seria eliminar todos os microrganismos da face da Terra. Mesmo que tal façanha fosse possível, um equívoco sem dimensões seria cometido contra os seres humanos! Como habitantes do nosso organismo desde o momento do nascimento, os microrganismos, na maioria das vezes, estabelecem consórcios altamente benéficos.  Entre estes podemos apontar a proteção conferida pela microbiota normal ao hospedeiro impedindo a instalação e proliferação de microrganismos indesejáveis.

Lembremos ainda que se não fosse a participação ativa dos microrganismos nos ciclos da natureza a vida no planeta Terra não seria possível.

No entanto, na maior parte das vezes, os microrganismos surgem no currículo do ensino fundamental e médio apenas como agentes causadores de doenças. E pensar que apenas 2% das bactérias são patogênicas para o homem!
Por outro lado, alguns aspectos não menos importantes devem ser considerados no ensino da microbiologia como o uso indiscriminado de antibióticos no tratamento de doenças, em rações animais e na agricultura ocasionando um aumento assustador no número de linhagens resistentes a estas drogas. Este fato, aliado aos avanços tecnológicos responsáveis pela facilidade de transporte de um microrganismo de um extremo a outro do planeta, são circunstâncias que obrigam o professor a uma nova postura perante as questões inerentes ao mundo microbiano.
O trabalho docente deve ter início no entendimento do ensino como processo que envolve não só a transmissão de conhecimento, mas sobretudo, a competência pedagógica e política onde o aprender sobrepõe o ensinar e, conseqüentemente, onde o aluno é o agente deste aprendizado.
Todo aluno deve ser visto como um futuro pesquisador, no sentido do desenvolvimento de uma postura social crítica e especulativa dentro e fora da sala de aula.  A nossa missão é ainda mais árdua se pensarmos no Brasil, um país com problemas tão sérios de educação, saneamento básico, higiene e alimentação, fatores altamente favoráveis ao prevalecimento dos efeitos deletérios do mundo microbiano.

O grande desafio que se coloca é: como proporcionar no espaço e no tempo escolares um aprendizado significativo sobre o mundo dos micróbios capaz de gerar mudanças reais nas atitudes e hábitos de nossos alunos? Neste contexto não podemos, como professores e educadores, alienar o conhecimento do mundo dos micróbios dos nossos processos afetivos.

O projeto Microbiologia para Todos visa, neste contexto, criar atividades e instrumentos facilitadores para um aprendizado significativo do mundo microbiano.
“Nesse sentido, quanto mais pomos em prática de forma metódica a nossa capacidade de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir, tanto mais eficazmente curiosos nos podemos tornar e mais crítico se pode fazer o nosso bom senso” . (Pedagogia da Autonomia - saberes necessários à prática educativa. Paulo Freire - 15a edição. Ed. Paz e Terra, 2000.)